14 de maio de 2025
Tradição de despedida

Após sufrágio, Igreja inicia rituais de sepultamento e o Conclave; veja como funciona

O velório de Papa Francisco acontecerá na quarta-feira (23), na Basílica de São Pedro, com rituais mais simples, aprovados por ele há cinco meses. Conclave será daqui 15 a 20 dias
A Igreja Católica entre em um período chamado de Sé Vacante, sem um dirigente, até que o Conclave escolha o próximo Papa. Foto: Reprodução
A Igreja Católica entre em um período chamado de Sé Vacante, sem um dirigente, até que o Conclave escolha o próximo Papa. Foto: Reprodução

O primeiros rituais de despedida do Papa Francisco acontecerão na tarde desta segunda-feira (21). As cerimônias fúnebres começam com a Missa de Sufrágio na Basílica de São João de Latrão, em Roma, seguida dos ritos de constatação da morte e deposição do corpo de Francisco no caixão, em cerimônia privada, presidida pelo carmelengo cardeal Kevin Farrell. Após as cerimônias restritas aos integrantes da Igreja, o corpo do Papa é exposto em funeral para despedida dos fiéis na Basílica de São Pedro.

Desta vez, alguns ritos serão simplificados por uma medida implementada pelo próprio pontífice, que aprovou a reforma dos ritos funerários há cinco meses. A mudança permite que o sepultamento seja feito fora do Vaticano e retira a obrigação de que o corpo fique sob os três caixões tradicionais – de chipre, chumbo e carvalho.

Sé Vacante e Sepultamento

A simplificação dos ritos atende um desejo do próprio Papa, que será sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, local escolhido por ele, e não na tradicional Basílica de São Pedro, onde a maioria dos papas estão enterrados, quebrando a tradição de mais de um século. O enterro deve acontecer nos próximos quatro ou seis dias após sua morte.

Além disso, Papa Francisco também terá apenas um caixão de madeira revestido de zinco, e, rompendo as exigências, a exibição pública não deverá ser feita em um elevado, como tradicionalmente era exposto, mas somente no caixão. De acordo com anúncio do Vaticano, o velório de Francisco terá início na próxima quarta-feira (23) na Basílica de São Pedro, aberto ao público, para que os fiéis prestem suas últimas homenagens e despedidas.

A partir do anúncio da morte, a Igreja Católica entra em um período conhecido como “Sé vacante”, sem um dirigente direto, tendo uma espécie de governo temporário, gerido pelo carmelengo. Nesta fase, as decisões urgentes ficam por conta do Colégio dos Cardeais, destituindo quase todos os cargos da cúpula do Vaticano, e iniciam-se os preparativos para o funeral do pontífice e dos rituais que levarão a escolha de um novo chefe da Igreja Católica.

Rituais após sepultamento

Pelos próximos nove dias consecutivos a Igreja firma a tradição dos “novendiales”, que são nove dias de oração pela alma do Santo Padre, e em luto. Nos próximos 15 a 20 dias o Vaticano convoca o Colégio dos Cardeais, com 252 cardeais representantes do mundo todo, incluindo oito brasileiros, que se reúnem para a eleição de escolha de um novo líder da Igreja Católica no chamado Conclave.

Participam do Conclave 138 cardeais com menos de 80 anos, que são os considerados aptos a participarem da eleição, que ficam confinados até que um novo Papa seja eleito e anunciado. Antes do Conclave, o Colégio dos Cardeais participa das “Congregações Gerais”, em que votam as questões principais que determinam as condições governamentais da Igreja.

Entre os cardeais votantes, sete são brasileiros: Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus (74); João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília (77); Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília (57); Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (74); Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo (75); Jaime Spengler, presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre (64) e Sérgio da Rocha, Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador (65).

As votações do Conclave acontecem na Capela Sistina, em que o candidato eleito deve receber pelo menos 2/3 dos votos, que são secretos e queimados após cada contagem. Quando o Papa é eleito o anúncio é feito por meio da tradicional fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina: se for branca, temos um novo pontífice, se for preta, uma nova votação deverá ser realizada.

O anúncio oficial e a apresentação do novo Papa é feita publicamente na Praça de São Pedro, da sacada da Basílica, em que é proclamada a famosa frase “Habemus Papam” (“Temos um Papa, em português”).


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