O Tribunal do Júri da Comarca de Alexânia, no Entorno do Distrito Federal, será palco nesta terça-feira (24), a partir das 8h30, de um julgamento aguardado há mais de duas décadas: o réu, Roberto Nogueira de Oliveira, acusado de matar com 12 facadas a mulher, Sônia de Azevedo — que era cega —, e de jogar o enteado de apenas 8 anos no rio após o crime, finalmente será julgado. Ele ficou mais de 20 anos foragido.
O assassinato, ocorrido em 29 de janeiro de 2001, chocou a comunidade local e teve grande repercussão pela brutalidade cometida contra a deficiente visual e a criança que se atirou de uma ponte para não morrer esfaqueado.
Segundo a denúncia do Ministério Público, o crime aconteceu em uma chácara nas proximidades da BR-060, em Alexânia. Roberto se irritou porque Sônia deixou as sandálias saírem dos pés e começou a agredi-la com chutes.
Na sequência, ordenou que ela e o filho se deitassem no chão. De posse de uma faca, desferiu 12 golpes contra a mulher, que não teve chance de defesa.
A barbárie não terminou ali. De acordo com o relato do filho da vítima, Rafael de Azevedo, o então padrasto ainda o ameaçou de morte.
“Ele perguntou se eu queria morrer igual minha mãe ou se eu preferia pular da ponte. Eu disse que preferia pular, então ele me jogou no rio”, contou Rafael ao portal G1 no ano passado. Rafael sobreviveu e, aos 34 anos, disse sentir alívio por ver o acusado finalmente preso no ano passado, após duas décadas como foragido da Justiça.
“Eu sobrevivi para poder ver ele na cadeia”, declarou também à TV Anhanguera na época da prisão de Roberto.
A prisão preventiva do réu foi decretada em junho de 2001, mas ele só foi capturado em 27 de agosto de 2024, no município de Navegantes, litoral de Santa Catarina. O acusado foi recambiado para Goiás e será julgado por homicídio duplamente qualificado: motivo fútil e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima.
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A promotoria é representada por José Alexandre Teixeira de Barros, enquanto a defesa está a cargo do advogado João Tiago Pereira Caixeta.
O julgamento de Roberto Nogueira de Oliveira em Alexânia será presidido pelo juiz Fernando Augusto Chacha de Rezende e contará com sete jurados e três testemunhas. A previsão é que o julgamento se estenda até as 13h. A imprensa terá acesso livre ao auditório do Tribunal do Júri, localizado na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, esquina com a Rua 124, número 256, Setor Nova Alexânia.
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