07 de julho de 2025
PESQUISA DATAFOLHA

Apesar de fraude no INSS ter começado antes, Lula é mais responsabilizado que Bolsonaro, aponta Datafolha

Pesquisa Datafolha mostra que maioria culpa tanto Lula quanto Bolsonaro por descontos ilegais, mas reprovação atual é maior para o petista
Percepção dos entrevistados ignora que fraudes ocorreram desde governos Temer e Bolsonaro, e culpa Lula - Fotomontagem reprodução
Percepção dos entrevistados ignora que fraudes ocorreram desde governos Temer e Bolsonaro, e culpa Lula - Fotomontagem reprodução

Mesmo as fraudes no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) tendo ocorrido durante todo o governo de Jair Bolsonaro (PL), segundo as apurações até agora, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é quem acumula maior responsabilidade aos olhos da população brasileira. É o que revela pesquisa do instituto Datafolha, publicada pelo jornal Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (16).

O levantamento vem na mesma linha da última pesquisa Genial/Quaest, divulgada no dia 4, e que mostrava que, para 31%, o principal responsável pelo esquema das fraudes é o próprio governo Lula, contra 14% apontando o INSS, e 8% o governo anterior, de Jair Bolsonaro.

Já o levantamento Datafolha, indica que mais de 70% dos brasileiros apontam que tanto Bolsonaro quanto Lula têm pelo menos alguma culpa pelas irregularidades nos descontos associativos indevidos feitos em aposentadorias e pensões. A crise, investigada pela Polícia Federal em parceria com a CGU (Controladoria-Geral da União), vem minando a popularidade do petista, que segue no pior índice de reprovação desde que iniciou seu terceiro mandato: 40% dos brasileiros classificam sua gestão como ruim ou péssima.

A sondagem foi feita com 2.004 eleitores em 136 municípios do país, entre os dias 10 e 11 de junho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Embora o escândalo tenha ganhado amplitude durante o atual governo, as investigações sinalizam que as fraudes já vinham desde a gestão de Michel Temer (MDB), se expandiram com a flexibilização de regras sob Bolsonaro e explodiram agora, atingindo diretamente aposentados e pensionistas.

A percepção popular, no entanto, recai de forma mais dura sobre o governo Lula: 50% dos entrevistados consideram que a atual gestão tem muita responsabilidade pelos desvios, e 28% apontam alguma responsabilidade. Apenas 16% isentam o petista.

No caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, os números são ligeiramente mais brandos: 41% o consideram muito responsável, 29% um pouco responsável, enquanto 22% dizem que ele não tem nenhuma culpa.

Opinião dos eleitores cativos

A análise por intenção de voto também revela divisões internas. Entre os eleitores de Lula, 61% apontam muita culpa de Bolsonaro e 32% também reconhecem falhas no petista. Já os eleitores do ex-presidente, embora majoritariamente responsabilizem Lula (71%), também identificam alguma falha em Bolsonaro: 21% dizem que ele tem muita culpa, e 40%, alguma.

A avaliação do governo Lula na condução da crise é negativa para 38% dos brasileiros. Apenas 26% consideram as ações boas ou ótimas, e 31% avaliam como regular. A aprovação aumenta ligeiramente entre os mais bem informados sobre o tema, chegando a 33%.

Demora para o ressarcimento

O governo federal prometeu ressarcir os aposentados e abriu prazo para contestações, além de acionar o STF para permitir o pagamento dos valores fora das regras fiscais. Ainda assim, para 59% dos entrevistados, os afetados serão ressarcidos —mas a maioria acredita que o processo será lento. Já 36% dizem não acreditar que haverá devolução dos valores.

A pesquisa ainda mostra amplo apoio à criação de uma CPI no Congresso para apurar as fraudes no INSS. Segundo o Datafolha, 87% dos brasileiros são favoráveis à investigação. A leitura do pedido deve ser feita pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), nesta terça-feira (17). O governo, por sua vez, tenta adiar os trabalhos para o segundo semestre.

As informações sobre os descontos ilegais chegaram a 84% da população. Entre os idosos, grupo mais afetado, o índice sobe para 94%. Já entre os jovens de 16 a 24 anos, cai para 60%.

A imagem do INSS também sai arranhada: 37% dos entrevistados deram nota mínima (1) para a instituição, e outros 14% deram nota 2. Apenas 13% atribuíram nota máxima (5), índice que sobe para 20% entre aposentados.


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