05 de outubro de 2024
Saúde

Ambulatório da prefeitura de Goiânia recebe 35 interessados em mudança de sexo

Ambulatório Transviver está localizado na UPA Novo Mundo e fornece serviços da prefeitura de endocrinologia, psiquiatria, psicologia, ginecologia e urologia para poder começar o processo
Eduardo Oliveira, secretário executivo da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, explicou todo o processo. (Foto: Altair Tavares/Diário de Goiás).
Eduardo Oliveira, secretário executivo da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, explicou todo o processo. (Foto: Altair Tavares/Diário de Goiás).

Nas três primeiras semanas de funcionamento, o processo transexualizador para quem tem interesse na mudança de sexo por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), do ambulatório da prefeitura de Goiânia, recebeu 35 interessados no atendimento. Em entrevista a Altair Tavares, Eduardo Oliveira, secretário executivo da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, explicou todo o processo e como deve ser realizada a solicitação.

Segundo Eduardo, é importante que quem precisa desse serviço procure a rede de atenção primária que é por lá que começa o processo. “Hoje Goiânia conta lá na UPA Novo Mundo com o ambulatório Transviver que é um ambulatório onde as pessoas com disforia de gênero podem procurar serviços da prefeitura de endocrinologia, psiquiatria, psicologia, ginecologia e urologia para poder começar o processo”, explicou.

Então, é para qualquer pessoa que queira, a porta é aberta, ela vai para lá, se credencia e ela entra dentro da fila do fluxo do ambulatório.

Sobre a demanda existente na capital, Eduardo a definiu como reprimida e necessária e que agora com a localidade podendo será possível atender as pessoas. A logística para definir a UPA Novo Mundo como sede do ambulatório Transviver foi pensada na mobilidade pública. “Agora com o BRT, com o Eixão, acho que a gente consegue fazer com que as pessoas saiam com uma única passagem e elas chegam até o lugar de atendimento. E logo, eu tenho certeza que com a nossa gestão e outras futuras gestões esse serviço se amplia para outros espaços da cidade”, disse Oliveira.

No total, a pessoa tem dois anos para passar por todo o procedimento clínico e aí nesse processo ela vai entender se ela precisa ou não de cirurgia e os médicos dessa equipe vão dar para ela o laudo. “Hoje a cirurgia de conversão do masculino para o feminino é mais fácil. Não existe a do neofalo, pois é muito complicada, tem toda uma dificuldade. Mas o que a gente tem que ter clareza é que essas pessoas têm um aporte, um local com dignidade para esse atendimento na cidade de Goiânia”, destacou o secretário.

Confira a entrevista na íntegra:

Altair Tavares: Eduardo, como foi instalado o programa de assistência à saúde para atendimento à comunidade que tem interesse na cirurgia de mudança de sexo?

Eduardo Oliveira: Na verdade nós estamos falando do processo transexualizador. Em Goiânia, uma medida represada por mais de 20 anos, uma solicitação do movimento social LGBT para a construção do ambulatório. Hoje Goiânia conta lá na UPA Novo Mundo com o ambulatório Transviver que é um ambulatório onde as pessoas com disforia de gênero podem procurar serviços da prefeitura de endocrinologia, psiquiatria, psicologia, ginecologia e urologia para poder começar o processo. Então qualquer pessoa que queira, a porta é aberta, ela vai para lá, se credencia e ela entra dentro da fila do fluxo do ambulatório. A princípio nós estamos atendendo a 45 pessoas que estavam na fila do HGG, mas hoje, nas três primeiras semanas desse atendimento, 35 pessoas já tinham passado por nosso ambulatório. Então é importante que quem precisa desse serviço procure a rede de atenção primária que é por lá que começa o processo.

Altair Tavares: Essa é uma mensagem importante, ou seja, existe uma porta de entrada, como o senhor disse. Existe onde começar, ou seja, não é lá na unidade de saúde normal, não é no posto de saúde, até porque não há pessoas preparadas para isso.

Eduardo Oliveira: Ele até pode. Ele pode procurar lá perto do setor dele, na casa ou dela, procura o serviço básico de saúde mais próximo e os profissionais já estão orientados a colocar o código desse encaminhamento. Ele vai ser referenciado para o ambulatório com agenda prévia, assim como acontece com outras consultas, e vai direto lá para o nosso ambulatório. E a partir daí começa todo um procedimento É bom lembrar que a expectativa de vida no Brasil de pessoas trans é de 35 anos Eu estou falando mais das meninas trans. E é bom tirar algumas fake news da sociedade que é importante que a gente também diga. Como, ‘no Brasil se faz cirurgia e redesignação com crianças’. Não, não se faz. Todo esse procedimento só pode ser feito a partir dos 18 anos. Então a pessoa já é adulta, ela procura o serviço de saúde, ela é triada. Nós estamos falando de documentos do Ministério da Saúde que são datados de 2008 e a Goiânia já foi referência com o HC, com a doutora Mariluza fazendo esse procedimento aqui em Goiânia e hoje o HGG é um dos pontos de referência. Então a gente ainda quer manter o ponto de referência no atendimento. Goiânia é uma cidade cosmopolita, plural, diversa e precisa ter esse tipo de abrigamento com dignidade.

Altair Tavares: Só para ficar bem claro, a entrada então da pessoa que tiver interesse no procedimento transexualizador é encaminhado pro HGG ou pro HC?

Eduardo Oliveira: A princípio ele vai passar por todo o procedimento de consultas. Para nós entendermos e a população também. Ele começa por dois anos aguardando e fazendo as consultas com psicólogos, psiquiatras, endócrinos. A diferenciação do nosso ambulatório é que ele já começa com uma parceria também com o Estado, a Prefeitura de Goiânia, o prefeito Rogério Cruz já tem instalado junto com o secretário Wilson Pollara que a Saúde é quem instala esse serviço. Então eu também tenho que render aqui os agradecimentos ao secretário Pollara por ter entendido, ele formatou algo parecido também em São Paulo. Então é legal porque a gente conseguiu fazer em tempo recorde isso acontecer. A pessoa tem dois anos para passar por todo o procedimento clínico e aí nesse processo ela vai entender se ela precisa ou não de cirurgia e os médicos dessa equipe vão dar para ela o laudo. Hoje a cirurgia de conversão do masculino para o feminino é mais fácil. Não existe a do neofalo, é muito complicada, tem toda uma dificuldade. Mas o que a gente tem que ter clareza é que essas pessoas têm um aporte, um local com dignidade para esse atendimento na cidade de Goiânia. Hoje no Estado de Goiás são três ambulatórios nesse sentido, a ideia também é ampliá-los. Goiânia a gente conta com essa ideia inicial, pequenininha, mas que vai crescer a partir das demandas. Então quando a gente tem profissionais habilitados, capacitados, com referência para tratar com dignidade a população trans, a gente está dizendo que o município quer respeitar essas pessoas.

Altair Tavares: O serviço é patrocinado pelo SUS também?

Eduardo Oliveira: Sim, pelo SUS, Todo Sistema Único de Saúde, o que é importante. Eu estava te dizendo da hormonioterapia, nós começamos com a hormonioterapia. Algumas das pessoas vão entrar só nesse processo de hormonioterapia. Usar os hormônios para perder caracteres que elas não se reconhecem. A transexualidade é uma coisa da sexualidade humana que a gente está convivendo, sabe que isso existe há muito tempo, só que por preconceito, a sociedade nunca quis tratar da forma que deveria.

Altair Tavares: Prefeituras pelo país têm instalado serviço. Aqui em Goiás, o senhor tem conhecimento de alguma outra?

Eduardo Oliveira: De outras prefeituras? Olha, senador Canedo abriu primeiro que Goiânia, Itumbiara tem também o seu ambulatório trans, Rio Verde tem expectativa dessa abertura também. Vai se criar uma rede de atenção à comunidade trans a partir desses três ambulatórios. São municípios que abrigam outros municípios referenciados, Goiânia também vai ter um pouco dessa média. A nossa ideia inicial é cumprir com uma expectativa de uma fila de 300 pessoas que estavam no HGG, continuam sendo assistidas por lá, mas a partir desse momento Goiânia entra como um reforço no sentido da clínica geral, de orientar essas consultas e fazer o acompanhamento clínico dessas pessoas.

Altair Tavares: O senhor citou 35 pessoas nas três primeiras semanas solicitando o atendimento?

Eduardo Oliveira: Isso, nas três primeiras semanas. Quer dizer que há uma demanda reprimida necessária e agora com a localidade podendo atender as pessoas no seu município, e por que a gente instalou isso lá na UPA Novo Mundo? Lembrando da facilidade de transcurso na cidade. Agora com o BRT, agora com o Eixão, acho que a gente consegue fazer que as pessoas saiam com uma única passagem, elas chegam até o lugar de atendimento. E logo, eu tenho certeza que com a nossa gestão e outras futuras gestões esse serviço se amplia para outros espaços da cidade.


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