Cerca de 10 mil pessoas imergiram durante os dias 29 de agosto e 2 de setembro na segunda edição da Amarê Fashion – Semana da Moda Goiana e estiveram diante de uma programação cheia de desfiles, palestras, rodadas de negócios, talks, shows, exposições de marcas slow e fast fashion em um movimento que fomentou a criatividade e economia do estado.
A organização ficou por conta do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac Goiás) e Governo do Estado de Goiás.
O ponto de partida para a Amarê Fashion ficou por conta do cantor carioca Mumuzinho com o show “O Rio continua lindo. E perto!”. O encerramento do festival também ficou por conta de uma voz vinda do Rio de Janeiro com a cantora Fernanda Abreu.
Ambas as apresentações foram realizadas no Palácio da Música, no Oscar Niemeyer. Além das atrações musicais, inúmeros debates permearam o evento que discutiu o futuro da moda. Ou a moda do futuro?
Em todos os dias, desfiles de marcas autorais goianas deram todo o conceito para a passarela do Amarê Fashion. As palestras com as tendências também marcaram o evento. A estrutura e os detalhes de som e iluminação, que deram vida à mostra feita ao público, impressionaram os visitantes. “Essa estrutura está linda, no nível de grandes eventos de moda que acontecem no país”, elogiou o visagista Bento Luiz, 34 anos.
Também teve palestras com objetivo de dar bagagem e conhecimento ao público presente. Lucas Leão, Fernanda Tamburus e Lili Veloso foram os palestrantes que inauguraram o palco. “É muito válido ouvir análises sobre tendências de mercado e oportunidades de negócios de pessoas que têm vivência mais aprofundada disso”, pontuou a empresária Clarissa Machado, de 52 anos. A visitante é de Taquaral e veio a Goiânia especialmente pro evento. “É o tipo de ação que soma muito pro empresário local”, validou.
A moda do futuro em debate no Amarê Fashion
O futuro e o presente da moda também foram discutidos no evento em uma palestra com grandes nomes do segmento no talk “A moda do futuro X o futuro da moda”. Participaram os estilistas Naya Violeta, Theo Alexandre, Rafael Aquino e Isa Silva. A moderação ficou por conta de Thaís Oliveira, gestora de Moda do Sebrae Goiás.
O bate-papo foi cheio de emoção e significado e os profissionais iniciaram suas falas contando suas experiências passadas que os fizeram chegar até os dias atuais. Ao falarem de seus desafios, o estilista e diretor criativo Rafael Aquino compartilhou que a Moda “é sobre amor, sobre esforço, é passar noites em claro costurando e se dedicando e quando as pessoas veem essa entrega elas abraçam a ideia e aí surgem boas parcerias”, disse o profissional que complementou: “É preciso persistir e resistir para estar neste lugar”.
Os estilistas abordaram temas como a moda negra, representatividade, pertencimento, sustentabilidade e representação. A estilista goiana Naya Violeta, precursora da moda negra na São Paulo Fashion Week destacou em sua fala a importância de dar visibilidade aos invisíveis. “Por muitos anos não sabíamos quem pregava o botão de uma roupa, daí a importância de trazermos esse pertencimento para a Semana da Moda Goiana”, disse. Ela também falou sobre o equilíbrio entre a moda e a tecnologia: “A tecnologia pode otimizar, mas não pode desumanizar. A roupa ainda é feita pela mão humana, tem energia de gente.”
Já Theo Alexandre comentou sobre sustentabilidade como tema é pertencente à sua história. “Sempre me questionei sobre o descarte dentro da indústria e aprender sobre isso remete à minha história de sempre reaproveitar roupa das outras crianças na infância e transformá-las. Quando falamos em sustentabilidade, temos que dar um passo de cada vez para fortalecer o que a gente faz. Temos que acreditar nesse viés da responsabilidade”, argumentou.
Isa Melo, estilista baiana que hoje vive em São Paulo, complementou dizendo que “a moda e mundo vão mudando, mas que hoje não existem carros voando, nem altas tecnologias como prometeram, mas existe o pedido por humanização e a moda é lugar disso. Sem a natureza a gente acaba e tudo no mundo hoje pede sustentabilidade. Precisamos pensar de maneira consciente, desde a pequena à grande marca”.
E o empreendedorismo na moda, como fica?
O painel sobre empreendedorismo na indústria da moda, realizado durante o último dia da Amarê Fashion, reuniu empresários e especialistas do setor para compartilhar suas experiências e conhecimentos. Com o tema “Empreendedorismo de Moda e Têxtil”, foi moderado por Emerson Tokarski, presidente da Fecomércio Jovem. Os convidados Diogo Carvalho, Diogo Couraça, Pedro Jr. e Stenio Pereira Silva foram os responsáveis por discutir o assunto.
Durante o bate-papo, foram abordados temas como inovação, estratégias de marketing, gestão de equipe e aspectos legais do empreendedorismo na moda. Os empresários e especialistas compartilharam insights e dicas práticas para os empreendedores do setor.
A moda é um setor dinâmico e competitivo, e estar atualizado sobre as últimas tendências e estratégias de negócios é fundamental para o sucesso. “Se fala muito da parte de comunicar com o cliente, de ir até o cliente. Mas tem todo um trabalho por trás de uma confecção; tem corte, tem costura, tem modelista, tem que entender de contabilidade e planejamento estratégico, entre outras coisas”, destaca Diogo Couraça, empresário com mais de 20 anos de experiência na área têxtil.
Para Stenio Pereira Silva, advogado especializado em Direito Tributário e Empresarial, é preciso estar atento às novidades do mercado e se qualificar. “Apesar de que o acesso à informação ficou mais fácil, o mercado está cada vez mais competitivo, as pessoas estão se capacitando cada vez mais. Hoje em dia temos disponíveis uma gama de cursos online, palestras salvas no YouTube, eventos como a Amarê, ou seja, são inúmeras possibilidades para adquirir informação e crescer seu negócio”, pontua.
Continuando as discussões sobre inovação e estratégias de marketing, o empresário Pedro Júnior falou da importância da internet para o crescimento e fortalecimento da marca. “A tecnologia veio para ficar e está transformando todo o cenário econômico. É preciso se adaptar a essas mudanças, caso contrário você não vai conseguir se destacar e se manter no mercado”, afirma.
O evento também proporcionou uma excelente oportunidade de networking, permitindo que os participantes se conectassem e estabelecessem parcerias e contatos profissionais. O ambiente propício para a troca de informações e experiências contribuiu para fortalecer o empreendedorismo na moda e impulsionar o crescimento do setor.
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