14 de julho de 2025
DOSSIÊS E MENTIRAS

“Abin Paralela”: indiciados produziram dossiê contra governo Lula em 2024, diz PF; Moraes tira sigilo

PF aponta continuidade do gabinete do ódio com ataques a governo Lula e dossiês até 2024; atividades de grupo petista no WhatsApp e da CUT foram monitoradas a serviço do "gabinente do ódio"
Ministro liberou acesso ao inquérito da PF sobre a "Abin Paralela" - Foto: divulgação / arquivo
Ministro liberou acesso ao inquérito da PF sobre a "Abin Paralela" - Foto: divulgação / arquivo

A investigação da Polícia Federal (PF) no caso da “Abin Paralela” identificou que disseminadores de notícias falsas do chamado “gabinete do ódio” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), continuaram produzindo dossiês e espalhando informações distorcidas ou falsas até mesmo durante 2024, tendo como alvos integrantes governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e organizações ligadas a ele, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Nesta quarta-feira (18) o ministro-relator, Alexandre de Moraes, retirou o sigilo do inquérito da PF, com a justificativa de “cessar vazamentos e informações contraditórias que podem prejudicar a investigação”, conforme divulgou o Supremo Tribunal Federal (STF). Na terça circulou a informação de que Bolsonaro está entre os indiciados, o que não é verdade.

Assessor parlamentar e influenciador flagrados em diálogos comprometedores

Na investigação, a PF encontrou diálogos entre ao menos dois integrantes do gabinete do ódio que comprovam a produção de informações falsas contra integrantes do atual governo. Entre os alvos estava o ex-ministro da Comunicação Social Paulo Pimenta.

Neste caso, os apontados pela PF como autores são o assessor parlamentar Daniel Lemos, que trabalhava no gabinete do deputado federal Pedro Jr (PL-TO), e o influenciador bolsonarista Richards Pozzer. Ambos estão no grupo de mais de 30 indiciados no relatório final do inquérito da “Abin paralela”.

Segundo a PF, eles tiveram acesso a um grupo de WhatsApp chamado “Caçadores de Fake News”, criado por pessoas ligadas ao presidente Lula. Pozzer levantou informações sobre os administradores do grupo e produziu um dossiê para atingir essas pessoas. Dentre os administradores estava Paulo Okamotto, fundador do Instituto Lula.

Dossiê

Pozzer teria, segundo a PF, produzido um dossiê apontando que alguns participantes do grupo tinham empresas que receberam recursos da cota parlamentar de um deputado petista e da campanha presidencial de Lula. “A partir dessa informação, o influenciador bolsonarista produziu um documento dizendo que havia detectado o rastro do dinheiro para financiar ações contra a direita”, revelou o portal Uol nesta quarta-feira.

Na sequência, o material foi encaminhado para o assessor parlamentar Daniel Lemos. A estratégia era convocar uma das pessoas citadas nas conversas para prestar esclarecimentos na Câmara dos Deputados como forma de expor e intimidar, além de comprovar a existência de um “gabinete de ódio” petista, o que faria um paralelo “comparável” com o mesmo grupo de Bolsonaro.

Além disso, ele ainda compartilha imagem de que Paulo Pimenta, estava no grupo de WhatsApp dos “Caçadores de Fake News”. Como ele ainda era ministro, Pimenta poderia, por exemplo, ser o alvo da convocação.

A PF registrou que Pozzer tinha a dupla função de produzir e disseminar desinformação, “operando em conexão direta com a estrutura de inteligência paralela da Abin e com assessores do Palácio do Planalto e Congresso Nacional”.

Ele foi indiciado por organização criminosa, tentativa de golpe, tentativa de impedir o exercício dos Poderes e obstrução de Justiça. Daniel Lemos foi indiciado por organização criminosa, peculato e embaraço à investigação.

Para a PF esses fatos comprovam “a permanência e continuidade do ‘modus operandi’ dos responsáveis pela produção contínua de desinformação. A sistemática utilizada na construção dos dossiês é a mesma identificada durante a CPI da COVID e direcionada contra seus integrantes”.

Atuação digital da CUT foi monitorada ilegalmente

Outra prova citada no inquérito da “Abin Paralela” é a de que Pozzer também produziu um dossiê no ano passado, segundo ano do governo Lula, sobre a atuação digital da CUT, entidade reconhecida por sua proximidade histórica com o presidente e o PT.

Nos depoimentos prestados à PF, tanto Daniel Lemos como Richards Pozzer decidiram ficar em silêncio. As defesas deles não foram localizadas nesta quarta para se manifestar sobre o indiciamento e o relatório final da investigação da PF.


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