09 de outubro de 2024
Destaque 2 • atualizado em 16/03/2021 às 12:35

“A melhor vacina é a que é aplicada no braço”, ressalta ex-coordenadora do Plano Nacional de Imunização

Carla Domingues destaca para que a população não siga o prumo das fakenews (Foto: Reprodução/Youtube)
Carla Domingues destaca para que a população não siga o prumo das fakenews (Foto: Reprodução/Youtube)

Em tempos que se questionam da eficácia das vacinas, a epidemiologista e ex-coordenadora do Plano Nacional de Imunização, Carla Domingues, reforçou que o brasileiro pode ter confiança nas vacinas chanceladas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que são inseridas no PNI. Questionada no Roda Viva desta segunda-feira (15/03) sobre qual imunizante o cidadão deveria escolher entre a CoronaVac, produzida pelo Butantan ou a AstraZeneca, feita em parceria com a Universidade de Oxford Domingues ressaltou: “A melhor vacina é a que é aplicada no braço”.

Ela aproveitou para explicar sobre notícias que surgem em torno da AstraZeneca. Países europeus estão suspendendo a utilização do imunizante produzido em Oxford. Carla reforça que são nações que possuem à disposição “um portfólio muito grande de vacinas”. “Como houve estudos como por exemplo a vacina da Pfizer que fez um grande estudo na população idosa, eles estão recomendando neste momento, usar a vacina da Pfizer”, destaca. 

A epidemiologista ressaltou que não se trata de falta de eficácia ou qualidade por parte da AstraZeneca. Por fim, ela fez um apelo: não acreditem em notícias falsas em torno dos imunizantes. “O que nós precisamos é que tanto os idosos como os demais grupos que vão ser vacinadas para a população no momento. Não acreditem em fake news nem nessas notícias ou dúvidas que estão sendo discutidas falando que uma vacina é melhor que a outra. A melhor vacina é a que é aplicada no seu braço.”

Na mesma edição do programa, o pesquisador e chefe do maior estudo epidemiológico do Brasil, o Epicovid, Pedro Hallal fez um alerta para aceleração da imunização à população brasileira. Para ele, a situação é tão alarmante que pode ser comparável ao Congo durante o surto de ebola.

“A nossa situação mais urgente é a disponibilização de vacinas e para isso a gente precisa de um mutirão incluindo as agências internacionais que olhem para o Brasil neste momento como lá atrás nós olhamos para o Congo na época do Ebola. Hoje o Brasil é o Congo daquela época [do ebola]. O Brasil representa de verdade uma ameaça a saúde global pela possibilidade do surgimento de novas variantes como essa campanha de vacinação muito lenta que nós estamos tendo”, destacou.

Plano Nacional de Imunização: priorização aos vulneráveis

Hallal pontua que o problema maior do Plano Nacional de Imunização é a distribuição das doses que anda lenta. Com relação a lista de prioridades, não há muito o que se alterar, mas que se fosse o caso de se fazer alterações, o pesquisador priorizaria as camadas mais vulneráveis da sociedade. “Agora, a sugestão de priorizar as populações mais vulneráveis, é uma sugestão que eu tinha dado lá atrás e eu acho que continua sendo válida. O Epicovid no Brasil inteiro mostrou que as pessoas mais pobres tem o dobro do risco de infecção. Então as pessoas mais vulneráveis sendo vacinadas primeiro a gente consegue controlar as hospitalizações e boa parte das mortes”, destaca.

Os critérios para chegar à população vulnerável poderia ser pré-determinada pelo Cadastro Único ou mesmo pelo Bolsa Família.  “Então, se eu pudesse dar alguma recomendação para priorização certamente eu recomendaria sempre começar pelas populações mais vulneráveis e aí pode usar cadastro único, beneficiário do Bolsa Família ou qualquer outro indicador que identifique as pessoas mais vulneráveis”, concluiu.


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