09 de outubro de 2024
Cidades

81% dos moradores de rua de Goiânia são adultos e com problemas familiares

Secretário Filemon Pereira diz que pesquisa ajudará no desenvolvimento de políticas públicas. Foto: Samuel Straioto
Secretário Filemon Pereira diz que pesquisa ajudará no desenvolvimento de políticas públicas. Foto: Samuel Straioto

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Foi apresentado o resultado do 2° Censo da População em Situação de Rua e a primeira pesquisa sobre os trabalhadores de rua em Goiânia. Um dos principais objetivos é de subsidiar a elaboração de políticas públicas específicas para essas pessoas. Foi identificado um total de 353 pessoas que moram nas ruas de Goiânia, divididas entre idosos, adultos, adolescentes e crianças.

Segundo a pesquisa, o número não inclui catadores de reciclados, trabalhadores de rua e outros que embora tenham a rua como espaço de sociabilidade e de sobrevivência econômica possuem um local de moradia. O número é semelhante ao de moradores em 2015, quando se tinha 351 pessoas nas ruas.

Perfil da população de rua

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 81% dos pesquisados são adultos, o que difere dos estudos realizados em décadas passadas, de que a maior parte dos moradores de rua eram crianças. 75% dos atuais moradores são negros. 91% moram sozinhos e 8,2% vivem em família nas ruas da cidade.34 % das pessoas vão parar nas ruas por problemas familiares. 41,2% vive na rua há mais de dois anos. 61,5% nunca trabalharam de carteira assinada. 41,2% não tem nenhuma atividade remunerada neste momento.

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Outro dado importante é que 34% das pessoas que moram nas ruas tiveram problemas familiares. “É que em muitos casos foi rompido o elo familiar que precisa ser restaurado. Nossas equipes vem procurar a ajudar. O nosso maior desafio é a droga”, afirmou o secretário municipal de Assistência Social, Mizair Lemes Júnior.

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Após a realização do censo, em que foi identificada a quantidade de moradores de rua e os locais em que eles vivem, haverá a continuidade do trabalho com uma pesquisa qualitativa em que que consiste na realização de entrevistas com pessoas que estão ou estiveram em situação de rua em Goiânia. A intenção é de saber melhor a história de vida de cada uma, os problemas existentes para buscar uma solução mais aprofundada dos problemas.

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“Esse problema familiar ainda tem relação com uso de substâncias, ou drogas ou algo, e isso colabora para esse tipo de situação. Uma pesquisa qualitativa precisa ser feita, estamos entrevistando as pessoas que moram nas ruas, para nos contar as experiência e a partir daí termos uma profundidade maior” declarou a professora do IFG, doutora Najla Franco Frattari.

Trabalhadores de Rua

Outra pesquisa foi realizada que é relativa a trabalhadores de rua. Foram mapeados 435 trabalhadores em diversas atividades, que ficam em diferentes locais da cidade.

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Apoios

A pesquisa foi realizada pela Universidade Federal de Goiás (UFG).  Houve o apoio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas (SMDHPA), e ainda parceria de outras instituições públicas e privadas. 76 pessoas, entre pesquisadores, bolsistas, voluntários ajudaram a fazer o censo

“A pesquisa é importante, pois precisávamos de um norte, saber quantas pessoas são, onde estão, para sabermos quantas vagas de acolhimento precisamos, quanto de alimento a ser fornecido por mês, por ano”, argumentou o secretário Mizair Lemes Júnior.

Qualificação

De acordo com o secretário municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas, Filemon Pereira, uma intenção é de proporcionar com a evolução dos trabalhos, um processo de qualificação profissional.

 “A UFG e parceria com a prefeitura de Goiânia, vamos abrir alguns cursos de alfabetização, com o mínimo de qualificação possível. Queremos já a partir do próximo ano, com o avançar na pesquisa. Há algumas questões que mais dependem da prefeitura, como Saúde mental e moradia”, declarou.

O gestor alertou que a discussão precisa ser humanizada. Ele lembrou que antes do novo censo, houve uma pressão dos órgãos de segurança para retirada dos moradores, pois estavam atrapalhando o comércio. Filemon Pereira avaliou que o trabalho é delicado e que a pesquisa vem para dar fundamentação técnica sobre as ações a serem tomadas.

Críticas

O coordenador estadual do movimento nacional da População de Rua, Denis de Oliveira, reclama da metodologia da pesquisa. O trabalho de campo foi realizado no dia 19.  Para ele, deveria ter um espaço maior de dias para fazer a atividade, além de visitar mais locais. Denis foi morador de rua.

Ele fez críticas a respeito da pesquisa, disse que a população vive em situação de rua é migratória. “Eu não concordo, pois há alguns bairros que estavam no mapeamento e não encontramos moradores de rua. Nós como movimento acreditamos que tinha de ser uma semana fechada para estar encontrando mais pessoas e fazendo um mapeamento. Tinha que visitar mais locais”, afirmou Denis.

Direitos Humanos

A divulgação dos dados ocorreu no Dia Internacional dos Direitos Humanos. Nessa data, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou e proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, com objetivo de promover a paz e conservar a humanidade após a 2° Guerra Mundial.

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