100 dias de Sandro Mabel revelam quais promessas de campanha foram cumpridas e sua busca por austeridade

Ao completar esta semana os 100 dias da gestão de Sandro Mabel (UB) como prefeito de Goiânia, chegou a hora de conferir se houve a virada de curso que ele próprio esperava fazer quando ainda estava em campanha, no ano passado. De empresário e ex-parlamentar bem sucedido, Mabel prometia converter-se rapidamente em bom prefeito. Ele mergulhou fundo nessa tarefa e conseguiu cumprir boa parte dos compromissos, mas nem todos.

A população assistiu como algumas dificuldades se mostraram surpreendentes, tanto que, antes mesmo da posse, Mabel já estava com a batata quente de gerenciar a maior crise da saúde pública da capital. Crise que rendeu até prisões da alta cúpula passada. Isso sem contar a fila de credores, alguns dispostos a radicalizar, suspendendo serviços.

Teve ainda que pensar estratégias para enfrentar uma das mais complexas situações também na limpeza urbana. Nesse ponto, o foco foi o cenário obscuro em que estava mergulhada a Companhia Municipal de Urbanização (Comurg).

O Diário de Goiás avaliou, com o suporte de inteligência artificial e fontes disponibilizadas ao longo do texto, o status das ações prometidas pelo então candidato, agora prefeito de Goiânia, para serem realizadas entre 1º de janeiro e 10 de abril. Confira o resultado por tópicos:

Infraestrutura e Mobilidade Urbana

• Recapeamento de vias (retomada do Programa 500 km): A gestão de Mabel retomou o programa de recapeamento asfáltico de 500 km de ruas e avenidas. Em janeiro, ele iniciou a obra pelo Jardim Novo Mundo, requalificando 30 km de vias no setor. Foi a primeira ação do 500km na atual gestão com foco na melhoria da qualidade do asfalto e, consequentemente, da mobilidade nos bairros. Com isso, o prefeito dava o pontapé na promessa de campanha e compromisso do plano de governo de revitalizar a malha viária urbana.
• Modernização da iluminação pública (Programa Brilha Goiânia, antigo Cidade Inteligente lançado na gestão anterior, mas parado). Em março, o atual prefeito entregou a nova iluminação de LED na região central de Goiânia, por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) com o consórcio Brilha Goiânia. O objetivo é ampliar essa iluminação eficiente a todos os bairros, garantindo mais segurança, um clamor da população, e economia. Era algo também prometido em campanha com o foco na“cidade segura” por meio da revitalização da iluminação pública financiada pela Contribuição de Custeio do Serviço de Iluminação Pública (Cosip).
• Melhorias no tráfego e mobilidade: Logo nos primeiros dias de mandato, o prefeito implementou algumas mudanças para desafogar o trânsito. Por decreto, liberou os corredores exclusivos de ônibus para circulação de motocicletas e removeu restrições desnecessárias de conversão à direita em diversos cruzamentos. Essas medidas estavam no compromisso da campanha voltado a melhorar a mobilidade urbana e modernizar a gestão do trânsito em Goiânia, dando agilidade ao fluxo de veículos. Além disso, Mabel também anunciou planos de implantar um sistema semafórico inteligente nos principais corredores de ônibus. Esse é um projeto em andamento também alinhado à visão de “cidade inteligente” que constava em seu plano de governo.

Saúde

• Pediatria 24 horas em todas as unidades de urgência: Apesar da grave crise e da falta de pessoal, em 15 dias de governo, o atual prefeito ampliou de 5 para 13 o número de Cais e UPAs com atendimento pediátrico de emergência 24h. Durante a campanha, ele havia prometido garantir médicos pediatras em todas as 13 unidades dentro dos 100 primeiros dias. A meta acabou antecipada e cumprida já no início de janeiro. Cada unidade conta agora com pediatras dedicados e suporte de especialistas via telemedicina, conforme Mabel também propôs no plano de governo “para agilizar atendimentos”.
• Mutirões e situação de emergência na saúde: Diante do aumento de casos de dengue e outras viroses, o prefeito decretou situação de emergência em saúde pública logo no início do mandato, para permitir ações rápidas como compra emergencial de medicamentos e contratação de leitos de UTI sem burocracia. Ele também anunciou medidas inovadoras em estudo, como o uso de drones para mapear e eliminar focos do mosquito Aedes aegypti. Essas iniciativas atendem à promessa de campanha de enfrentar de imediato as crises sanitárias na cidade, melhorando a prevenção e resposta a epidemias conforme previa o plano de governo.
• Insumos e estrutura nas unidades de saúde: Sandro Mabel cumpriu a promessa pessoal de doar seu salário como prefeito para a Saúde durante os momentos mais críticos. Em fevereiro, ele entregou R$ 25 mil em cateteres (abocaths) para abastecer os postos de saúde. “Como havia prometido, estamos convertendo meu salário em materiais para os postos de saúde”, afirmou. Esse mês ele repetiu o gesto. A nova gestão vem renegociando dívidas com fornecedores e regularizando pagamentos atrasados para normalizar o abastecimento de medicamentos e insumos. A iniciativa é coerente com o plano de governo, que prometia reorganizar as finanças da saúde e retomar a confiança dos fornecedores.  Já o reequilíbrio de contas da saúde é um compromisso em andamento, mas de acordo com as metas anunciadas.

Educação

• Criação de vagas em creches (Educação Infantil): Mabel lançou um plano para zerar a fila de espera nos CMEIs. Nos primeiros dias de mandato, anunciou a criação de 10 mil novas vagas em creches até junho de 2025, por meio de convênios com entidades (como igrejas) e instalação de salas modulares. A promessa original de campanha era abrir 9 mil vagas e não deixar nenhuma criança fora da creche já no início da gestão, uma meta ambiciosa que está em fase de cumprimento. Até fevereiro, cerca de 3,4 mil vagas foram abertas, e foi ampliado o atendimento com mais 2.590 em unidades próprias e conveniadas, em parcerias com instituições como Irradiação Espírita Cristã, o Ministério Terra Fértil, a Igreja Videira e o Tribunal de Contas do Estado (TCE), por exemplo. A expectativa é atingir as 10 mil vagas até junho. Mabel justificou que elevou a meta de 9 para 10 mil devido à demanda identificada. Dessa forma, sua promessa foi cumprida parcialmente dentro dos 100 dias.
• Melhor aproveitamento da estrutura e do quadro docente: Para viabilizar as vagas, a prefeitura está otimizando a infraestrutura existente e o pessoal. CMEIs existentes passaram por adaptações para receber mais crianças (instalação de salas extras de aula modulares), podendo agregar até 60 alunos adicionais por unidade sem grandes obras. Mabel também reorganizou o quadro de professores, retornando profissionais às salas de aula e revisando licenças médicas para aumentar a capacidade de atendimento. Se necessário, ele garantiu que fará novas contratações de educadores, assegurando que “não vai faltar professor”. Esses esforços concretizam a promessa de campanha de melhorar a educação infantil com uso racional de recursos e parcerias, conforme descrito no plano de governo (compra de vagas na rede privada e uso de módulos para ampliar CMEIs).
• Horário estendido nas creches: Para atender as famílias que trabalham em horários não convencionais, Mabel anunciou horários ampliados em algumas creches municipais. CMEIs deveriam passar a atender em horários especiais para contemplar mães que começam a trabalhar de madrugada (por exemplo, recebendo crianças às 4h ou 5h da manhã). O único CMEI beneficiado com horário especial nesses três meses foi o do Ceasa. Por outro lado, essa medida não estava explicitamente detalhada na campanha, mas complementa a promessa de oferecer educação infantil acessível e adequada às necessidades reais da população. Dessa forma a iniciativa é coerente com a promessa de ampliar o acesso às creches, é já sendo implementada.

Limpeza urbana e meio ambiente

• Combate ao descarte irregular de lixo e entulho: No dia 11 de janeiro, o prefeito lançou medidas rigorosas contra o lixo jogado em locais impróprios. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) passou a atuar com viaturas descaracterizadas para flagrar infratores, aplicando multas de até R$ 5 mil, apreensão de veículos e cassação de licenças de empresas flagradas em descarte ilegal. Em apenas uma operação no Setor Água Branca, mais de 20 caminhões carregados com lixo foram apreendidos. Mabel também disponibilizou ecopontos e pontos temporários de descarte por 90 dias para a população descartar resíduos corretamente. Essas ações estão em consonância com a promessa de campanha de manter a cidade limpa e cuidar do meio ambiente, prioridade destacada por ele, e que incluía mutirões de limpeza urbana nos primeiros 100 dias.  Dessa forma, a promessa está sendo cumprida: a fiscalização ambiental foi intensificada e penalidades aplicadas conforme anunciado.
• Reestruturação da COMURG e gestão do lixo: Seguindo seu compromisso de “enxugar” a Companhia de Urbanização de Goiânia, Mabel desencadeou uma profunda reforma administrativa na Comurg para torná-la mais eficiente. Em fevereiro, foram extintos cargos (como a vice-presidência e assessorias não obrigatórias) e reduzido o quadro jurídico de 45 para 23 profissionais. A Comurg demitiu comissionados e cortou gratificações, resultando numa economia de 30,5% na folha de pagamento – de R$43,3 milhões em jan/2024 para R$30,1 milhões em jan/2025. Essas medidas cumpriram a promessa de campanha de reorganizar a Comurg, reduzindo altos salários e eliminando desperdícios. Mabel celebrou que, com essas ações, a Comurg tende a deixar de ser deficitária até o final do ano. Além dos cortes, foi criada uma Diretoria de Novos Negócios para a Comurg buscar receita extra (coleta de lixo de grandes geradores, recolhimento de entulho etc.), uma iniciativa alinhada ao plano de governo de manter a Comurg funcionando, porém com maior eficiência e parcerias privadas quando vantajoso. Com isso, a promessa foi cumprida parcialmente: a Comurg foi reestruturada e as despesas cortadas conforme prometido, restando alcançar a sustentabilidade financeira completa até dezembro.
• Taxa do Lixo: Para custear a limpeza urbana, a prefeitura encarou a polêmica e tentou implantar a nova Taxa do Lixo a partir de 1º de abril, integrada à conta de água da Saneago. O processo ainda não foi concluso e, portanto, a cobrança foi adiada para junho. Essa taxa, cuja lei foi aprovada no final de 2024, pode aumentar a arrecadação em mais de R$ 270 milhões/ano, valor que ainda assim, segundo estima a Prefeitura, cobre apenas um quarto do custo total anual da coleta e destinação de resíduos. Embora a criação do tributo não tenha sido amplamente divulgada como promessa de campanha, Mabel adotou essa medida como parte do seu projeto de equilibrar as contas municipais. Ele vinha sinalizando a necessidade da cobrança (“de forma socialmente ajustada”) desde a transição. Portanto, a implementação está alinhada à meta fiscal de seu governo, ainda que enfrentando questionamentos na Justiça por parte da oposição, como uma Ação Direta de Inconstitucionalidade movida contra a taxa com apoio do Ministério Público, além de resistência popular.
• Mutirões de limpeza e participação popular: Mabel mobilizou equipes da Comurg e a comunidade em mutirões nos bairros para coleta de entulhos, roçagem e varrição já nos primeiros fins de semana de gestão. Ele convocou a população a colaborar, pedindo que não suje a cidade e que denuncie infratores, pois “vamos complicar a vida de quem suja a cidade”. Essas ações coletivas de limpeza refletem diretamente o que ele pregou na campanha, falando em “trabalho, muito trabalho”, e envolvimento da sociedade para “colocar a cidade de pé” logo no início do mandato.

Segurança Pública e Ordem Urbana

• Radares acoplados com câmeras – Até agora a principal estratégica com foco em segurança foi a inauguração do Centro de Controle e Operações (CCO) da Secretaria de Engenharia de Trânsito que conecta radares com câmeras e funciona 24 horas. O CCO foi inaugurado na semana passada pelo prefeito com 20 radares iniciais, 65 até o fim de abril; e 12 câmeras, mais 32 duas previstas para curto prazo. Ou seja, além de maior segurança no trânsito, o sistema deverá conferir maior segurança ao cidadão, ajudando na identificação, monitoramento e localização de carros ou condutores suspeitos, por exemplo.
• Iluminação para segurança: A já mencionada troca de iluminação pública por LED (Programa Brilha Goiânia) tem também um forte impacto na segurança. Ruas mais bem iluminadas tendem a inibir crimes e dar mais tranquilidade à população à noite. Mabel enfatizou que até os bairros periféricos receberão a nova iluminação, cumprindo o objetivo de campanha de uma “cidade segura” com iluminação eficiente em todas as regiões. Status: Promessa em andamento. A melhoria da iluminação está tendo gradativamente entregue, contribuindo para a segurança conforme planejado.
• Reordenamento do comércio ambulante (Região da 44): o prefeito encarou de forma definitiva a crônica ocupação das calçadas na região da Rua 44, causando polêmica. Mabel determinou prazo até 30 de março para a retirada dos vendedores ambulantes irregulares das calçadas do local, maior centro de compras da capital. E determinou rígida fiscalização para impedir o retorno de camelôs, oferecendo duas alternativas que nem todos aceitaram: entrarem para as galerias com facilitação no aluguel e condomínio, ou migrarem para a Feira Hippie. O assunto tem rendido protestos na região. Ao mesmo tempo, Mabel abriu diálogo com os feirantes da chamada “Feira da Madrugada” para possivelmente manter a feira em horários que não conflitem com o comércio formal – por exemplo, de madrugada até antes das 7h30 e após as 17h. Essa negociação busca organizar o espaço urbano sem eliminar a fonte de renda dos ambulantes. Embora o plano de governo não mencionasse explicitamente a 44, a medida alinha-se à promessa de ordenamento urbano e retomada da organização da cidade. Mabel afirmava durante a campanha: “Não vou deixar a cidade ficar essa bagunça […] de ambulante para todo lado”. Dessa forma, a promessa implícita de pôr ordem no comércio de rua está em fase de implementação, mas ainda gera debate: ambulantes solicitam permanência na região, prazos maiores e alternativas de sustento, e prefeito afirma que está irredutível. “Não vamos recuar”, diz. Na mesma linha da ocupação das calçadas, também endureceu com bares e restaurantes, determinando a interdição e a regularização rápida de 50 estabelecimentos.
• Ações da Guarda Civil Metropolitana: Além de atuar no combate ao lixo irregular, a GCM tem sido empregada para melhorar a sensação de segurança. Houve intensificação de rondas e fiscalizações em pontos estratégicos da cidade. Por exemplo, a presença da GCM foi destacada no centro e em áreas públicas, e a guarda participou de operações conjuntas para coibir furto de cabos, depredação de patrimônios e outros pequenos delitos urbanos. Essas ações atendem à diretriz de “Cidade Segura” do plano de governo, integrando a guarda municipal nas políticas de segurança. Aqui o status é compromisso em andamento, especialmente porque Mabel ainda prometeu implementar um sistema integrado de inteligência com municípios vizinhos para combater a criminalidade regional, conforme prometido, mas até o momento essas medidas estão em fase inicial de planejamento.
• Proteção à Mulher: Durante a campanha, Sandro Mabel anunciou a criação de uma Rede de Proteção à Mulher, contando com a experiência de sua vice-prefeita, Coronel Cláudia Lira, para liderar ações de combate à violência de gênero. Até março de 2025, não houve destaque de políticas novas específicas para mulheres na gestão municipal. Por enquanto, a Secretaria Municipal da Mulher e Direitos Humanos está focada no plano de acolhimento de pessoas em vulnerabilidade e participa de programas estaduais e federais, o que deve incluir mulheres em situação de risco. Essa é uma promessa de Mabel que está pendente já nos primeiros cem dias nenhuma medida concreta exclusiva para a rede de proteção à mulher foi divulgada.

Gestão Administrativa e Finanças

• Decreto de Calamidade Financeira: No dia 2 de janeiro, logo após assumir, Mabel decretou estado de calamidade pública nas finanças municipais e na saúde. Foi uma medida emergencial para enfrentar um déficit aproximado de R$ 4 bilhões vindos da gestão anterior. Esse decreto, posteriormente reconhecido pela Assembleia Legislativa por 120 dias, dá à prefeitura margem para adotar ações excepcionais de ajuste fiscal, sem violar a Lei de Responsabilidade Fiscal. Embora não fosse uma promessa de campanha explícita, a iniciativa serviu para viabilizar o cumprimento de promessas fiscais, permitindo reorganizar o caixa da prefeitura e priorizar serviços essenciais. A medida implementada foi a forma encontrada para viabilizar a recuperação financeira que Mabel havia indicado como necessária (ele alertou na campanha sobre dívidas e a possibilidade de usar instrumentos para “acertar Goiânia” financeiramente.
• Corte de gastos e Comitê de Controle de Gastos: Logo que assumiu Mabel implantou uma política dura de austeridade. Em janeiro, assinou 12 decretos de contenção de despesas, incluindo suspensão de horas extras, de gratificações por produtividade e de novas contratações, exceto essenciais. Também centralizou todas as contas bancárias do município em uma conta única, para melhorar o gerenciamento de caixa em situações emergenciais. No dia 28 de janeiro, criou o Comitê de Controle de Gastos (CCG), integrado pelas secretarias da Fazenda, Administração, Controladoria e Procuradoria, encarregado de avaliar e aprovar orçamentos, contratos e despesas de toda a prefeitura. O CCG garante que nenhum gasto novo seja feito sem análise de impacto para equilibrar o orçamento. Essas ações dão concretude à promessa de campanha de promover uma gestão pública eficiente, “empreendedora” e com controle rigoroso das contas. Como o pacote de austeridade foi implementado e o comitê está ativo, sinalizando aderência à plataforma de governo de cortes de gastos para investir em serviços, o status é de compromisso cumprido e em andamento.
• Enxugamento da máquina pública: Além da reforma na Comurg já citada, a gestão Mabel exonerou centenas de cargos comissionados e cortou despesas administrativas em diversas pastas. Por exemplo, determinou a desocupação de dois galpões alugados pela prefeitura para armazenar materiais, cuja locação custava R$ 110 mil mensais – esses itens foram redistribuídos a espaços próprios, gerando economia imediata. Além disso, iniciou um recadastramento de servidores ativos e inativos para eliminar pagamentos indevidos e identificar servidores ociosos. Mabel cancelou adesões suspeitas a atas de registro de preço e ordenou a revisão de todos os contratos, cancelando aqueles considerados onerosos ou desnecessários. Status: Essas medidas cumpriram a promessa de “choque de gestão” e redução de gastos feita durante a campanha. Mabel afirmava que a prefeitura estava inchada e gastava mal, e de fato promoveu cortes significativos e reavaliação de contratos logo no início do mandato.
• Nomeações técnicas x articulações políticas: No plano de governo, Mabel assegurou que “indicações de pessoas, só técnicas” seriam a regra na gestão. Ele montou um secretariado com alguns perfis técnicos, porém, na prática, a governabilidade exigiu composição política, o que gerou críticas. Sua base na Câmara Municipal é ampla (cerca de 27 vereadores aliados) e, como tradição, alguns cargos de segundo escalão foram distribuídos a partidos de apoio. Status: Promessa parcialmente cumprida. Embora Mabel tenha escolhido técnicos em áreas-chave (como Saúde e Finanças), ele não conseguiu fugir totalmente da composição política tradicional. A meta de gestão 100% técnica esbarrou na realidade política.

Desenvolvimento Social e Assistência

• Acolhimento de pessoas em situação de rua: Uma das promessas mais enfáticas de Mabel foi “em um ano não ter mais morador de rua em Goiânia”. Para atingir essa meta até dezembro de 2025, ele iniciou ações intersetoriais. Em janeiro, reuniu-se com a primeira-dama do Estado (Gracinha Caiado) para articular parcerias com o Governo de Goiás e entidades do terceiro setor visando retirar pessoas da rua. O plano em elaboração pela Secretaria de Assistência Social prevê encaminhar os sem-teto a casas de acolhimento, comunidades terapêuticas (para os dependentes químicos) e até auxiliar no retorno à cidade de origem ou à família quando possível. Mabel declarou: “Queremos que não haja mais ninguém morando na rua. Vamos colocar essas pessoas em casas de acolhimento… o trabalho será forte nesse sentido”. Em março, Goiânia lançou em conjunto com universidades (PUC-GO, UFG) e o Ministério dos Direitos Humanos o projeto “Pop Rua Cidadã”, que estabelece ações prioritárias para garantir direitos e reinserção da população em situação de rua. Esse projeto inclui a realização de um novo censo de moradores de rua e a oferta de serviços integrados (saúde, documentação, qualificação) para essa população. Status: Promessa em progresso.  Mabel iniciou os programas necessários para cumprir a promessa de acabar com a situação de rua, porém o resultado final, que é zerar a população de rua, só poderá ser mensurado no fim de 2025. Até o momento, observa-se empenho concreto e alinhado ao compromisso de campanha.
• Programas sociais e CadÚnico: A gestão também priorizou a atualização do Cadastro Único para programas sociais federais. Foi identificado que cerca de 40 a 50 mil famílias em Goiânia elegíveis a benefícios sociais não estavam com cadastro atualizado. Mabel determinou força-tarefa para emitir novos cartões e incluir essas pessoas, potencialmente ampliando o alcance do Auxílio Brasil (Bolsa Família) e outros programas. Essa ação, embora não seja uma promessa específica de campanha, faz parte do compromisso de aumentar a proteção social e melhorar a assistência aos vulneráveis. Isso está previsto no eixo de Proteção Social do plano de governo que abrangia ampliação de assistência à população carente. Status: Em andamento. A atualização cadastral foi iniciada, reforçando a rede de proteção social municipal.
• Outros compromissos sociais: Mabel indicou que direcionaria parte da economia gerada com os cortes de gastos para programas sociais inovadores. Por exemplo, mencionou a ideia de um Certificado de Participação Voluntária para empresas e cidadãos que ajudarem em mutirões e projetos sociais, como forma de engajar a sociedade. Além disso, o governo municipal, com apoio de emendas parlamentares, conseguiu um aporte emergencial de R$ 45 milhões do governo federal para a saúde. Esse recurso foi utilizado prioritariamente para pagar médicos e comprar medicamentos básicos, aliviando a rede pública. Embora não diretamente ligada à assistência social, essa conquista de recursos demonstra esforço em cumprir a promessa de não deixar serviços essenciais colapsarem, garantindo atendimento médico inclusive para a população vulnerável que depende do SUS.

Dessa forma, Sandro Mabel vem implementando diversas medidas em 2025 que correspondem em grande parte com o que prometeu na campanha eleitoral.

Algumas promessas ainda estão em fase inicial ou não cumpridas totalmente: a ambiciosa erradicação dos moradores de rua está em progresso, mas exige tempo e apoio de outras esferas. A criação de um programa robusto de proteção à mulher é outro ponto que ainda aguarda ações mais definidas.

Na Infraestrutura, programas de pavimentação e iluminação LED avançam conforme o plano, melhorando mobilidade e segurança.

Na Saúde, ele ainda está negociando com credores, o que revolta alguns. Esta semana mesmo uma empresa suspendeu os serviços alegando que está sem receber R$ 6 milhões, prejudicando o atendimento. Por outro lado, Mabel atacou rapidamente os problemas emergenciais (ampliou pediatria 24h, decretou emergência contra dengue, forneceu insumos) cumprindo metas em tempo recorde.

Em Educação, iniciou a expansão acelerada de vagas em creche e ajustes no sistema, parcialmente atendendo ao que foi proposto.

Na área fiscal e administrativa, adotou medidas duras de austeridade – calamidade financeira, cortes de gastos, controle rigoroso. São medidas alinhadas ao discurso de responsabilidade financeira, embora a necessidade de acomodar aliados políticos indique um ponto de tensão com a promessa de Mabel de ter uma gestão mais técnica.

No balanço destes primeiros meses de 2025, contudo, a maioria das ações realizadas pelo prefeito Sandro Mabel reflete as propostas feitas durante a campanha, demonstrando esforço em converter promessas em realizações concretas em Goiânia.

Fontes consultadas: Diário de Goiás (notícias de 01/01/2025 a 02/04/2025), Jornal Opção, portal G1, O Popular, entre outras. Evidências específicas de cada medida e promessa foram referenciadas ao longo do texto, contextualizando com os fatos para conferir a máxima transparência.

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