04 de novembro de 2024
cultura

10 motivos para aprender a fazer cerâmica

A prática da cerâmica atravessa milênios, combinando técnicas ancestrais e um forte vínculo com o presente. O trabalho manual de moldar a argila carrega uma herança cultural que remonta aos primeiros registros de expressão humana, ao mesmo tempo que encontra novos significados na sociedade contemporânea. Atualmente, o resgate de práticas artesanais vem crescendo, atraindo pessoas em busca de uma reconexão com o processo criativo e com os materiais naturais. 

À frente de seu ateliê, o ceramista e professor Jef Castelani revela que o trabalho rudimentar de moldar a argila se trata de uma das atividades que mais promovem a sensação de bem-estar. “A cerâmica é um meio de expressão da criatividade que, em sua essência, expande a compreensão de quem somos e como nos conectamos com nós mesmos e com o ambiente”, define.

A seguir, o profissional apresenta 10 motivos para explorar o universo da cerâmica. Confira!

1. Expansão da criatividade

O exercício de criar algo do zero desafia a imaginação e, de acordo com Jef, permite a expressão humana do interno para o externo. Ou seja, a arte reproduz na argila a personalidade de seu autor, que, por sua vez, manifesta parte de seus pensamentos, sensações e experiências. “É uma boa maneira para pessoas de todas as idades conhecerem aquilo que podem realizar. Podemos ser mais criativos do que pensamos e na cerâmica não há maneira certa ou errada”, avalia.

2. Mais foco!

Ao manipular a cerâmica, a concentração está focada na tarefa, deixando em segundo plano todas as preocupações e influências externas. “Ser capaz de se fixar totalmente em algo ajuda a mente a relaxar e expandir, além de contribuir para que consigamos destinar essa concentração para outros setores e momentos da vida”, explica o ceramista.

De acordo com ele, esta aptidão coopera na redução do estresse e as distrações são atenuadas. “Sem contar que toda dor e desconforto ocasionada pela exaustão é aliviada durante o processo”, complementa.

3. Aprimoramento da resistência

Colocar a mão na massa demanda nosso corpo físico. Contudo, de acordo com Jef, não se trata de força, mas a tonificação de mãos, pulsos e braços. Para pessoas propensas às questões de saúde como artrite, mexer com a argila auxilia na melhora da agilidade e do movimento das articulações.

4. Aumento da sociabilidade

Embora a cerâmica seja frequentemente associada a uma atividade solitária e ideal para quem prefere concentrar sua energia de jeito introspectivo no estúdio, ela também pode ser praticada em grupo com outros aprendizes. “A atmosfera leve e descontraída é benéfica para aliviar qualquer ansiedade social e facilita o início de uma conversa”, analisa Jef.

Mulher sorridente modelando uma peça de cerâmica em um estúdio artesanal
A cerâmica é uma forma poderosa de autoexpressão, podendo durar anos ou décadas (Imagem: Zamrznuti tonovi | Shutterstock)

5. A arte resiste ao tempo

O ceramista reflete sobre a compreensão do tempo presente em suas obras. Podendo durar anos, décadas e até séculos, ele ressalta que a arqueologia já foi capaz de recuperar registros desta arte milenar confeccionados por civilizações extintas.

“A cerâmica está entre as artes mais nobres e imortais e uma peça confeccionada hoje pode ser eternizada na vitrine de um museu, preservando as memórias de uma época histórica”, pondera. Para ele, este é um pensamento inspirador.

6. A prática preza a natureza e a sustentabilidade

A cerâmica artesanal utiliza materiais naturais, como argila e minerais, mantendo uma forte conexão com o ecossistema e, ao contrário dos processos industriais, a produção manual consome menos recursos e gera menos resíduos.

7. Promoção de uma perspectiva otimista

Entre os pontos positivos experienciados por meio da cerâmica, o artista destaca a melhora na confiança e autoestima. “No momento da virada de chave da minha vida, a aplicação das técnicas reverberou em mim como uma válvula de escape para meus momentos de infelicidade e se transmutou no suprassumo que me concedeu força e a oportunidade de me (re)conhecer”, compartilha Jef.

8. Aumento da qualidade de vida

Para o artesão, “a arte é, sem dúvidas, um hobby importante para a autoexpressão”. O profissional, ainda, a classifica como um caminho de autoconexão ao mergulhar em criações, aprender novas técnicas e finalizá-las: essas etapas cumulam no compromisso vitalício de combinar um entretenimento com finalidade.

9. Sentimento de realização

Ao concluir um trabalho, o artesão experimenta uma sensação de conquista associada à satisfação de ver algo nascer do zero, por suas próprias mãos, e saber que dali surgiu um elemento funcional ou decorativo. “Desfrutamos da mais verdadeira satisfação acompanhada pelo sentimento incomensurável de gratidão”, ressalta Jef.

10. Oportunidade de empreendedorismo

Jef ressalta que a cerâmica artesanal também é uma oportunidade de negócio. “Com a valorização dos produtos feitos à mão no design de interiores, existe uma demanda crescente por peças personalizadas e sustentáveis”, explica ele, que ainda enaltece o senso de unicidade dos itens manufaturados.

Por mais que se tente reproduzir a peça da mesma forma, sempre haverá pequenas diferenças em seu molde, dimensões ou cor. “Este é o charme do artesanato e há uma procura cada vez maior que abre portas para quem almeja posicionar a paixão pela cerâmica em uma fonte de renda, seja por meio de vendas diretas ou de oficinas de ensino”, acrescenta.

Por fim, Jef assinala que a cerâmica artesanal vai muito além da simples criação de objetos: trata-se de um processo que congrega arte, terapia, sustentabilidade e uma profunda conexão com a história e a natureza.

Por Alexandre Agassi


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